28 de julho de 2009

Parte 14

Acordei cedo, mas não queria ficar quieta, acho que só me distraindo Gabriel não poderia vim à minha mente. Fiz minha higiene matinal e como o dia tava congelante, coloquei uma blusa branca regata com um casaco quente e uma calça. Desci mas não vi nem sinal dos meus pais. Então fui ver se estavam no quarto. Bati duas vezes e minha mãe disse que podia entrar. Ela estava na frente do espelho enorme que tinha na parede ao lado de sua cama colocando seus brincos e meu pai estava lendo um jornal na cadeira-sofá que ficava em frente à janela, que estava fechada por conta do frio e da chuva.
Eles ficavam super elegantes até mesmo em casa, minha mãe vestia uma blusa creme de mangas até as mãos com um chale roxo enrolado em seu pescoço, uma calça marrom de seda e um salto alto. Sempre bem vaidosa. Meu pai estava com uma blusa preta, também de mangas longas, uma calça e um chinelo.
– Oi mãe, oi pai. Bom dia.
– Oi filha, bom dia. – Disse minha mãe
– Bom dia – Falou meu pai
– Vocês já tomaram café? – Perguntei
– Não. Vamos descer agora. – Falou meu pai colocando o jornal em cima da cama.
Descemos e fomos tomar nosso café da manhã, conversamos sobre os preparativos pro jantar e eles insistiam em ficar perguntando a cada minuto se os pais de Meg não tinham se chateado mesmo por eles não terem ido visitá-los antes, eu sempre respondia que não.
Comi rápido, mas não queria sair da mesa até que eles saíssem, então peguei mais um copo de suco e fiquei bebendo pouco a pouco. Acabamos e minha mãe foi pra cozinha olhar os preparativos enquanto eu e meu pai fomos pra sala. Tava passando Jornal na tevê, então fui olhar a chuva pela janela. Era incrível como ela não podia ser evitada, ela apenas caía e ninguém podia impedir. Continuei olhando e Gabriel estava insistindo em entrar nos meus pensamentos. Então fui até meu pai.
– Pai, o que acha de jogarmos xadrez? – Falei me virando pra ele, nada como um jogo que exige concentração máxima pra te fazer esquecer tudo.
– Filha agora não. Estou assistindo.
– Ok pai. – Abaixei a cabeça e fui pro meu quarto, não queria dormir, então fui pro computador. Então fiquei jogando, me concentrei ao máximo pra não deixar minha mente livre pra pensar em outra coisa.
Olhei no fim do monitor e vi que já eram 12:27, então desci pra almoçar. Meus pais já estavam na mesa almoçando. Me sentei e comi pouco, não estava com muita fome.
Almoçamos em silêncio e depois me deu sono.
– Pai, mãe, vou dormi, vejo vocês depois. – Falei me retirando.
– Ok filha. – Disse minha mãe e meu pai ao mesmo tempo. Subi e fui pro quarto, peguei o Ipod em cima da mesa do computador, coloquei os fones no ouvido e adormeci. Acordei com alguém batendo na porta.
– Pode entrar! – Gritei com uma voz fraca
Minha mãe abriu a porta e tava segurando o telefone na mão direita.
– Bia, é a Meg no telefone. Eu disse que você tava dormindo, mas ela insistiu.
– Não tem nada mãe, me dá o telefone? – Falei estendendo a mão pra pegá-lo. Minha mãe me deu e o coloquei no ouvido. Logo após ela saiu e fechou a porta.
– Oi Meg
– Oi Bia, você precisa me ajudar... Sabe aquele vestido que comprei pra ir? Ele fica marcando um pneu meu aqui do lado esquerdo, não vai dá pra eu ir com ele, me ajuda, não tenho roupa!
–Meg, você não tem pneu e você sabe. Eu sei que você não ligou pra falar isso, você se acha linda e gostosa, e é na verdade. Então... pra quê foi?
– Hum... er... Realmente eu não liguei pra falar isso. Mas...
– Mas nada. Fala logo.
– É que eu queria pedir desculpas pelo Gabriel. Eu sei que ele foi rude com você ontem, e também sei que você ficou magoada.
– Ah Meg, não foi nada, já passou. E ele vem hoje? – Perguntei com certa timidez.
– Bia, ele disse que não quer ir, mas com Meg por perto nada é impossível, vou fazê-lo ir pra sua felicidade. – Falou Meg rindo
– Sua convencida! E isso não seria bem uma felicidade pra mim, só alguém mais na festa. – Menti, ele seria a atração principal, pelo menos pra mim.
– Ah ta, Ana Beatrice. Então vou dizer a ele pra ficar por aqui mesmo.
– Não, não! Deixa ele vim... – Falei e logo em seguida tapei a boca, eu tinha acabado de me entregar.
– Ae, se entregou, cat. – Disse Meg rindo do outro lado da linha. – Bia agora tenho que desligar, já são 16:18, vou me arrumar, beijos.
– Outro. – Disse e depois desliguei o telefone o colocando em cima do criado-mudo ao lado da minha cama. Continuei deitada olhando o teto por alguns minutos. Depois me levantei e desci.Tinha parado de chover. Só estava nublado. Já estava tudo pronto. Fui até o salão de festas que ficava no jardim, ele estava todo cheio de mesas e em todas elas tinha um arranjo de flores lindas e coloridas. Na frente tinha uma mesa enorme, cheia de comidas. E no palquinho estavam uns caras afinando seus instrumentos. Então fui me arrumar, encontrei minha mãe na sala.
– Filha, vai se arrumar. Está quase na hora. – Falou
– Eu estava indo fazer isso, mãe. To subindo, tchau!
Fui tomar banho e peguei a roupa que tinha comprado ontem, tirei as etiquetas e vesti. Primeiro coloquei a blusa e a calça, depois moletom amarelo e o all star também amarelo. Eu não estava elegante, e eu sabia que esse jantar seria algo formal, e as pessoas viriam vestidas de acordo, mas eu pouco me importava pra isso.
Penteei o cabelo e o deixei solto. Passei um pouco de pó e lápis de olho, minha maquiagem básica de sempre. Desci e fiquei no sofá sem fazer nada, depois de alguns minutos desceu meu pai e minha mãe. Ela estava com um vestido vermelho longo reto, que prendia no pescoço, com pulseiras pratas brilhantes, um salto alto preto e segurando uma bolsa creme de mão que provavelmente não tinha nada dentro. Meu pai estava com um terno preto. Uma camisa branca por dentro e uma gravata azul.
– Bia, vamos lá pra fora esperar os convidados. – Disse meu pai
– Ok.
Me levantei e fui junto com eles até o salão de festas. Ficamos na frente e depois de alguns minutos os convidados começaram a chegar, eu os cumprimentava e dávamos um aperto de mão. Nas adolescentes filhas dos amigos dos meus pais eu cumprimentava dando um beijo na bochecha delas. Nos meninos eu apenas dava um aperto de mão e sorria.
Enfim, chegaram os convidados principais.

23 de julho de 2009

Parte 13

Meg abriu a porta e entrou, também entrei, mas muito devagar, quase parando. Notei que ele estava dormindo, me senti privilegiada por conseguir ver aquela cena. Era lindo, parecia um anjo. Seu rosto suave, seus olhos e boca fechados e seu cabelo completamente bagunçado. Ele estava coberto até o pescoço com um edredom, deitado de banda. Perfeito, sem defeitos. Assim Gabriel era pra mim.
Mas Meg passou em minha frente indo acordá-lo, acabando com o encanto.
– Gabriel, acorda! Oh Gabriel, acorda vai. – Chamava ela balançando-o.
– Hum? Que foi Meg? – Disse ele com a voz preguiçosa e abrindo os olhos. Não pude deixar de rir de tão nervosa que fiquei. Eu estava no quarto de Gabriel e ele estava acordando, logo me veria lá. Eu estava muito envergonhada, se houvesse uma forma de cavar um buraco e me enfiar lá dentro naquela mesma hora, eu o faria.
– Levanta, garoto! – Falou Meg puxando seu edredom.
– Tá Meg, tá. Tou levantando. – Disse ele.
Imediatamente abaixei a cabeça.
O vi sentando na cama e bagunçando o cabelo de Meg enquanto tentava abrir os olhos por completo. Levantei a cabeça quase sem querer e coloquei as mãos atrás das costas.
Ele me olhou e não desviou os olhos, não consegui desviar os meus dos deles também.
– O que você veio fazer aqui? – Ele perguntou confuso e grosso.
Realmente, eu não podia enfiar minha cabeça num buraco, mas podia sair pela porta, então foi isso que fiz. Um impulso de chorar veio à tona, mas eu não podia desmoronar ali, então fui cambaleando até o banheiro, passei água no rosto e enxuguei com uma toalha de rosto amarela que havia pendurada ao lado do espelho que ficava em cima da pia. Me olhei no espelho, e saí tentando aparentar estar normal, afinal não tinha sido nada demais, nem eu mesma entendia o motivo de estar assim.
– Viu o que você fez? – Escutei Meg gritando enquanto saía do quarto de Gabriel.
– Bia! Não liga, é o jeito dele. – Disse ela aparentando estar preocupada.
Tentei controlar minha voz antes de responder.
– Não foi nada Meg, não ligo. Tenho que ir agora.
– Vou com você.
– Não precisa, não precisa mesmo. – Falei tentando desesperadamente convencê-la que preferia ir só.
Ela pareceu entender.
– Então ta Bia.
A mãe de Meg ainda estava na sala assistindo tevê.
– Já vai? – Me perguntou enquanto pegava minha sacola com a roupa que tinha comprado no shopping em cima do sofá.
– Sim, boa noite. – Falei tentando ser agradável.
– Ok, nos vemos amanhã, tchau.
Meg já tinha aberto a porta, então saí e nos despedimos lá fora.
– A gente se ver amanhã no jantar. E fica bem! – Disse Meg.
– Nos veremos sim, e não há por que se preocupar, já te disse, não foi nada. Tchau!
Ela acenou com a cabeça e eu saí. Chorei todo o caminho pra casa enquanto pensava em Gabriel. Agora eu já podia afirmar que estava completamente apaixonada por ele, não havia mais dúvidas. Eu não queria sofrer, como estava sofrendo agora, mas o coração não escolhe por quem devemos nos apaixonar. E comigo aconteceu tudo tão rápido.
Chegando em casa joguei a sacola em meu guarda-roupa e fui logo deitar na cama, não fiz nada, só queria dormir, acho que só assim esqueceria que estava apaixonada e que iria sofrer mais do quê agora. Por uma pequena besteira, fiquei desse modo e não queria chorar mais por ele.
Eu não estava preparada...

21 de julho de 2009

Parte 12

Ela estava se olhando no espelho do bar que ficava no canto da sala.
– Meg, vamos! – Chamei, mas ela estava retocando seu gloss.
– Espera.
Em menos de 10 segundos Meg o guardou na bolsa e fomos até a frente de casa. O Sr Gonçalves já estava no carro esperando. Entramos, no decorrer do caminho Meg sempre dava uma olhada nos lugares pela janela e sempre comentando o como era bom estar de volta.
– Chegamos! – Falou o Sr Gonçalves
Então eu e Meg saímos do carro.
– Obrigada. – FaleiMeg parou e ficou olhando o shopping.
– Tá grande, hein? – Disse ela ainda olhando o shopping.
– Impressão sua, Meg. Tá do mesmo jeito de sempre.
Entramos no shopping e Meg me puxou pra primeira vitrine que viu, era um casaco todo preto liso, um vestido branco tomara que caia com muito pouco decote com babados na parte da saia com algumas listras pretas na parte do busto e da barriga e uma sapatilha branca com um laço de bolinhas pretas, o modelo apesar de ser muito lindo não combinaria nada comigo e sim com Meg.
– Nossa, que linda! Vem que eu preciso provar. – Disse Meg já entrando na loja. Entrei junto.
Enquanto Meg falava com uma funcionária da loja pedindo pra moça pegar a roupa e lhe indicar o provador, eu olhava algumas roupas pra mim.
Gostei de um modelo que tinha numa manequim, uma calça jeans preta, uma blusa meia bata branca com uma estampa preta de uma mulher fazendo uma pose que não entendi bem qual era, e suas costas era estilo nadador, um all star amarelo simples e um moletom todo amarelo com bolsos. Olhei se era meu número e resolvi comprar, ao contrário de Meg não gostava de provar roupas. Peguei a roupa e fui ao caixa. Tinha uma fila de mais ou menos quatro pessoas, tirei minha carteira da bolsa e peguei meu cartão de crédito que há tempos não usava. Chegou minha vez, paguei, a mulher me deu duas sacolas, uma com a roupa e outra com o calçado, logo após fui procurar Meg. Vi ela saindo do provador com o vestido e a sapatilha da vitrine em uma mão e duas calças na outra. Então fui até ela.
– Bia, o que você comprou? – Falou ela surpresa.
– Uma roupa pra vestir amanhã na festa. Em casa eu te mostro.
– Tá. Vamos comigo pagar minhas roupas.
– Ok.
Esperei Meg pagar e depois saímos da loja. Passamos em mais duas lojas pra ela olhar se gostava de algo, mas não se agradou.
– Bia, que tal um Milk Shake? – Falou Meg olhando uma garota que estava com um sorvete na mão.
– Boa idéia! – Falei animada, fazia tempo que não tomava um Milk Shake.
Estávamos em frente ao McDonald’s então compramos lá mesmo, Meg comprou um de baunilha e comprei um de chocolate. Sentamos em uma mesa de quatro cadeiras, e pras outras duas cadeiras não ficarem vagas colocamos as bolsas nela. Meg foi rápida, tomando tudo em praticamente três goles: começo, meio e fim e fazendo barulho com o canudo. Foi engraçado. Meg se levantou pra ir comprar outro.
– Quer outro? – Me perguntou.
– Não precisa. Estou me satisfazendo com esse.
– Então ta.
Ela foi até o Mc e depois voltou com outro na mão, de chocolate.
– Por que chocolate agora? – Perguntei acabando o meu.
– Sei lá, olhei o teu e deu vontade. – Respondeu ela dando de ombros. – Bia que horas?
Olhei em minha pulseira-relógio.
– Quatro e vinte e sete. – Respondi.
– Temos que ir então. Prometi pro Gabriel que voltaria cedo. Não quero deixar ele só, está meio gripado.
– Oh sim, vamos. – Falei e pareceu que o Milk Shake fez efeito, mas não... Eram as borboletas voltando a atacar. Então me lembrei de antes de vim pra cá, aquele jeito dele olhando pra tevê como um bobo.
Nos levantamos e fomos até a saída do shopping, e logo avistamos um táxi parado em frente.
– Tá livre? – Perguntou Meg.
– Sim, podem entrar. Pra onde vocês vão?
– Vai pra tua ou pra minha casa? – Perguntei olhando pra Meg.
– Ah, vamos à minha. Depois te deixo em casa.
– Então ta. Bairro Bela Vista, Rua Artur Rocha. – Falei ao moço do táxi.
Entramos no carro e o caminho todo Meg falou sobre a festa de amanhã. Eu não sabia bem que tipo de festa seria, então não poderia responder as perguntas que ela fazia.
– Qual é a casa? – Perguntou ele e percebi que já estávamos na rua da casa de Meg.
– Naquela que ta com o carro prata na frente. – Respondeu ela
Ele parou em frente ao carro prata e descemos. Paguei a partida enquanto Meg abria a porta de casa.
– Ah, minha mãe ta em casa! – Gritou Meg correndo pra dentro.
Entrei e fechei a porta. Meg estava no colo de sua mãe enchendo ela de beijos então sentei no outro sofá e fiquei rindo, ela parecia uma criança de apenas cinco anos.
– Oi, Sr Cecília – Falei.
– Olá, Bia. Se divertiram?
– Claro, mãe. – Meg respondeu por mim quando eu já estava abrindo a boca pra responder, então me calei.
– Liguei pra sua mãe e perguntei a hora da festa de amanhã, ela disse que seria um jantar, a partir das seis da noite.
– Ah, nem eu estava sabendo. Então já está tudo certo, não é? – Falei.
– Sim.
– Mãe, cadê Gabriel? – Perguntou Meg.
– Quando cheguei, não o vi. Então fui ao seu quarto e ele estava deitado na cama segurando o travesseiro com os braços esticados e estava meio pensativo, acho que nem reparou quando abri a porta de seu quarto.
– Ah, então vou lá falar com ele. Vamos comigo, Bia?
– Eu? Ir com você? No quarto do Gabriel? – Fiz as perguntas pausando.
– Sim – Falou ela me puxando em direção ao quarto dele.

19 de julho de 2009

Parte 11

– Espera! Não, não muda, deixa aí. Que legal Bob Burnquist. – Falou ele quase gritando, super animado e indo sentar no outro sofá. – Ele nunca mais apareceu na televisão. Ah eu te amo, cara. – Disse apontando pra tevê.
– Gabriel? – Olhei pra ele assustada e feliz. Não esperava encontrar ele em casa. Ele não me respondeu, estava entusiasmado demais com o cara da tevê para conseguir me notar, ele murmurava coisas como “você é o cara”, “quando crescer serei igual a você”, “te amo demais”, “você é minha inspiração” sempre olhando pra tevê. Eu nem estava prestando atenção na reportagem, só olhava Gabriel, então resolvi vê quem era o deus dele. Vi um cara moreno, bonito, que estava com um capacete e um skate na mão, todo suado. Então lembrei que nas vezes que trombei com Gabriel ele estava com skate, ou seja, aquele esporte deveria ser sua paixão.
– Droga! Mas já acabou? Ah, assim não dá. – Murmurou Gabriel. – Porque tu não me chamou antes? – Falou ele percebendo quem estava na sala. – Beatrice? – Falou ele no mesmo tom de quando o vi entrando na sala, a mais ou menos 7 minutos atrás.
– Hã? Eu? – Falei sem graça. – Oi.
Ele abaixou a cabeça.
– Er, vou almoçar, estou com muita fome. – Falou ele. – Então, é. É isso, tchau.
Ele se retirou da sala e várias borboletas se manifestaram em meu estômago que nem consegui responder, mas acho que também era fome.
Continuei lá, olhando pra tevê sem nem perceber o que tava passando, depois de alguns minutos Meg chegou. Ela estava muito linda, estava com o cabelo em um rabo de cavalo, uma blusa preta com letras pratas de manga curta com um ombro caído, uma calça jeans clara e uma bota preta perfeita.
– Demorei?
– Nem percebi. – Falei sorrindo.
– Então... Vamos almoçar? Estou morrendo de fome. – Disse Meg.
– Sim vamos, também acho que estou.
Fomos até a sala de jantar, e Gabriel estava fazendo a mesa de bateria e o garfo e a faca de baqueta, batendo de leve, mas dava pra escutar, e fazendo sons com a boca. Provavelmente já tinha almoçado, pois havia um prato com restos de comida ao seu lado e um copo com suco pela metade. Ele nos olhou e ainda continuou batendo. Por que Gabriel conseguia me deixar tão atraída por ele?
– Mas Gabriel, por que não nos esperou pra almoçar? – Disse Meg.
– Ah Meg, e eu lá sabia que vocês iriam almoçar aqui. – Falou ele parando de bater e se levantando da cadeira. – Vou descansar um pouco, bom apetite. – Falou ele passando por Meg e saindo.
– Ele ta estranho. – Falou olhando pra trás. – Percebeu? – Ela olhou pra mim, me perguntando.
– Ah sim, Meg. Percebi. Não sou eu que sou prima dele e convivo com ele todos os dias? – Ironizei.
– Ai garota, só foi uma pergunta. Esse estresse é a fome, vamos comer logo.
– Desculpa Meg, realmente, deve ser fome. – Falei já indo em direção a mesa.
Nos servimos e comemos. Acabei e Meg ainda continuou a comer. Fiquei esperando, Meg não demorou muito. Fomos lavar as mãos e Meg não enxugou as mãos com o pano na forma adequada, e sim em sua blusa. E me lembrei de algo, tinha esquecido de pegar minha bolsa.
– Meg, antes de irmos vamos passar em minha casa, esqueci minha bolsa.
– Sem problemas, vamos.
Primeiro fomos até seu quarto e ela pegou uma bolsa de ombro marrom daquelas grandes.
E depois fomos até minha casa, ela ficou esperando na sala enquanto eu fui até meu quarto e peguei a bolsa.
– Rápida você. – Falou Meg.
Dei um sorriso.
– Espera Meg, vou até ali a garagem perguntar se o Sr Gonçalves nos leva, não quero ir até o ponto de táxis.
– Quem é esse?
– O motorista daqui de casa. – Respondi.
– Ok, vai logo que eu não quero voltar tarde.
Fui até a garagem, ele estava encostado no carro fumando. Eu odiava cheiro de cigarro.
– Sr Gonçalves, você poderia levar eu e minha amiga ao shopping?
– Tá, claro que sim. Afinal, é o meu serviço.
– Espera, pode ir tirando o carro, vou chamá-la.
Ele acenou com a cabeça e entrou no carro. Fui até a sala e chamei Meg.

Parte 1O

Bem, não sabia me dá essa resposta, talvez Meg poderia estar certa e talvez não, mas eu sabia que estava sentindo algo por Gabriel, é como se fosse algo inédito, eu nunca me senti atraída por alguém antes, mas ele me deixava completamente boba. Eu estava com muito sono, mas primeiro fiquei pensando em uma resposta pro meu coração, mas cheguei a conclusão que só o tempo poderá decidir o que realmente sinto por ele. Dois encontros, duas brigas, ele me odiou, e pensei, mesmo que Meg estivesse certa, eu não queria sofrer por “amor não correspondido”. Gabriel nem me olhou direito, muito menos se apaixonaria por mim. Ridícula, isso que eu sou, como cheguei a pensar que ele poderia se apaixonar por mim? Isso nunca aconteceria pelo fato dele simplesmente me detestar. A última coisa que pensei antes de dormi, foi em ser simpatia com Gabriel como Meg disse.

Acordei com o sol em meu rosto e a voz de Meg, cheguei até a pensar que isso era um sonho. Mas não. Meg estava lá realmente, me puxando pelos pés.

– Bom dia, Bia! – Gritava ela! – Já está na hora de levantar, vamos, vamos! Levanta dessa cama.

– Meg você dormiu debaixo da cama ou dentro do armário pra estar aqui esta hora?

– Bia, já são 11:13 e já passou da hora de levantar a muito tempo, sua preguiçosa! – Falou ela olhando no relógio-pulseira que estava em seu pulso.

– Você não falou que iria ligar?

– Sim, liguei. Mas falaram que você estava dormindo então vim te acordar.

– Ok Meg, estou me levantando, espera.

Fechei meus olhos e coloquei a colcha em meu rosto.

– Ah ta Bia, só você mesmo pra achar que eu vou te deixar dormir. – Falou ela me chacoalhando.

– Ok, Meg. Você venceu! – Falei num tom preguiçoso e me levantei indo direto ao armário pegar uma roupa pra ir ao banheiro tomar banho.

Saí do banheiro já pronta.

– Bia, que mal gosto! – Falou Meg impressionada.

– Que foi?

– Olha a tua roupa! – Falou ela me olhando dos pés a cabeça.

Não vi nenhum problema, eu estava vestida com uma blusa baby look preta e uma calça jeans preta. O único problema que vi era que eu ainda estava descalça.

– Ah Meg, não se preocupa, vou calçar um tênis.

– Bia, você parece que vai a um enterro. Tira já essa roupa! Ou troca pelo menos a blusa.

– Ok, editora de moda. – Falei, peguei uma blusa branca com estampa colorida e vesti-la.

– Bem melhor. – Disse Meg.

Olhei e não vi diferença alguma, dei de ombros.

– Lembra que você disse que ia marcar algo? Pensou em algo? – Perguntei.

– Sim, pensei no shopping, faz teeeempo que não vou lá e pensei em almoçarmos em minha casa, que tal?

Naquele momento ignorei e shopping e pensei na casa de Meg, ou seja, Gabriel. Mas provavelmente ele não estaria lá.

– Ok, ótima idéia. Almoçamos na sua casa e depois vamos ao shopping. – Falei.

Coloquei um tênis e descemos as escadas. Ou melhor, eu desci a escada, Meg descia um degrau no corrimão e um degrau na escada, mas no ultimo degrau levou uma topada que pensei que ela ia meter a cara no chão. Ri alto.

– Nossa, Bia. Não ri de mim, eu poderia meter a cabeça no chão e estar sangrando muito agora, além das possibilidades disto me levar a morte. – Falou Meg exageradamente.

Continuei rindo.

– Meg, você ainda não é a mulher maravilha, conforme-se.

– Ah ta, mas quem sabe um dia eu não serei?

– Chega de ficção, vamos! – Falei.

Meg passou o caminho falando sobre as roupas que ela gostaria de comprar no shopping, segundo ela não tinha roupa nenhuma em casa, mas eu tinha certeza que seu guarda-roupa estava lotado. Ela nunca se conformava com o que tinha.

Chegamos e entrei analisando todos os passos que dava, não queria levar outro tombo, então sentei no sofá.

– Bia, me espera tomar banho, ou vamos logo almoçar?

– Não Meg, vai tomar banho que eu te espero. Não to com muita fome.

– Então ta, não demoro.

Ela se retirou da sala e eu liguei a tevê, tava passando uma entrevista com um cara lá que não sabia quem era, peguei o controle pra mudar de canal mas logo assim que peguei escutei aquela voz que eu mais queria escutar.

3 de julho de 2009

Parte 9

Talvez fossem alucinações. Não, claro que era ele. O garoto mal educado e idiota, tão lindo que me deixava hipnotizava, não conseguia desviar os olhos dele nem falar nada. Meg e ele se abaixaram.
– Você ta bem? – Perguntou Meg, ainda rindo, mas preocupada.
Não respondi, ainda estava em choque admirando os mínimos detalhes do rosto dele. Seu cabelo de lado que eu ainda tentava definir a cor, sua pele macia, seus olhos de uma pessoa que sofreu, seus lábios rosados, entre outros detalhes perfeitos.
Escutei uma gargalhada, mas agora não era a de Meg, era dele. Com o sorriso perfeito.
– Bia, você ta bem? – Perguntou Meg novamente, dessa vez mais preocupada.
– A segunda vez. – Falei baixo, apenas pensando alto.
– Hã? – Perguntou Meg confusa.
– Ela disse: A segunda vez. – Falou o garoto.
– Sim. – Falei.
– A segunda vez do quê? – Perguntou Meg, agora muito confusa.
– Queda. – Respondi.
– Ah, depois você me explica. – Falou Meg e em seguida escutei uma risada dele novamente.
Senti uma mão tocando a minha fazendo esforço pra me levantar. Pensei que fosse Meg, mas quando olhei, era um príncipe, não uma princesa. Estaria eu sonhando?
– Desculpa, vem que eu te levanto. – Falou ele.
– Você conheceu a educação? Nossa! E aí, ela é legal? – Falei ironizando, devido a ultima vez ele ter me tratado igual a um cavalo.
Na mesma hora que falei, imediatamente ele soltou minha mão me deixando cair de bunda.
– Sim conheci. Pensei que você tinha ido à ótica comprar seus óculos e já estivesse usando-os, daí a culpa seria minha, mas percebi que você continua com problemas na visão. – Falou ele retribuindo minha ironia. – Tchau Meg, e guia a garota, ou ela pode levar outro tombo no caminho. – Continuou ele tentando me irritar.
– Tchau pra você também, boa noite e sonhe comigo! – Gritei quando ele já estava dobrando o corredor da sala pros quartos.
– Claro, meus pesadelos ficam pior a cada dia! – Gritou ele de volta.
Continuei sentada, pensando em como sou idiota, eu devia ter deixado ele me levantar.
– Droga! – Falei irritada.
– Chega de delirar e se levanta, Bia. – Falou Meg me ajudando a levantar.
Me levantei e respirei fundo. Depois olhei pra trás pra ver se ele ainda estava lá, mas ele não estava.
– Vamos? – Falei.
– Definitivamente, vamos! – Respondeu Meg. Saímos da casa dela e fomos andando devagar.
– Vocês já se conheciam? – Perguntou ela confusa.
– Ele é seu primo? – Perguntei sabendo a resposta.
– Sim, mas me responde o que eu te perguntei. – Falou Meg.
– Mais ou menos. Ele já tinha me derrubado no dia que você chegou de viagem antes de você ir à minha casa. – Respondi.
– Hum. Você precisava ver sua cara de boba olhando pra ele! – Falou Meg rindo. – Sim, ele é lindo, mas dava pra disfarçar um pouco. – Falou ela.
– Lindo? Não acho isso tudo. – Menti. – Só fico impressionada com a educação que ele tem. – Acrescentei.
– Ah Bia, ele não é mal educado, ele só é meio fechado por causa da morte de seus pais. – Explicou ela.
– Eu sei, mas isso não explica sua má educação. – Falei irritada.
– Deixa ele! E faça sua parte sendo mais gentil. – Disse Meg.
– Ok, tentarei. – Falei.
– Ódio e amor, amor e ódio, gosto disso. – Disse Meg num tom engraçado.
– Amor? Não pensei nisso. – Falei.
– A mim você não engana. – Falou Meg e depois deu uma risada maléfica.
– Ah Meg, para com isso. – Falei irritada.
– Ok, eu paro. – Falou Meg rindo.
Chegamos em minha casa.
– Vai entrar? – Perguntei.
– Não, falei aos meus pais que voltaria logo. Mas amanhã te ligo pra gente marcar algo. – Falou Meg.
– Então ta, boa noite. – Falei fechando o portão.
– Gabriel. – Falou Meg meio que cantando opera com o nome dele.
– Tchau Meg. – Falei.
E Meg saiu rindo.
Fui pro meu quarto, lembrei do blog e fui postar sobre meu dia, inclusive sobre o segundo tombo. Depois fiz tudo que tinha pra fazer antes de dormi e depois fui deitar. Fiquei pensando sobre o que Meg tinha dito, não era possível que eu estivesse apaixonada. Ou era?

2 de julho de 2009

Parte 8

Passei horas pra conseguir dormi, fiquei pensando em Meg, como foi ótima a volta dela. Depois pensei na história de seu primo, pensei como ele deve ser por ter perdido sua família, sua história é triste, tentei me imaginar sem meus pais com apenas 15 anos, eu não conseguiria viver, mesmo eles não sendo muito presente, mas o primo de Meg os perdeu pra sempre, ele não pode ter nem mais alguns minutos perto de seus pais, como um simples café da manhã.
Parei de pensar, precisava dormi, amanhã tinha que ajudar a Meg na arrumação de seu quarto. Mas me veio outra coisa em mente, a imagem do garoto mal educado, quando pensei nele dei um suspiro e dormi de repente, acho que estava com muito sono pra ter apagado tão rápido, mas meu cérebro precisava ver aquela última imagem em meus pensamentos antes de dormi.
Acordei muito tarde, já era hora do almoço fui ao banheiro fazer tudo que tinha pra ser feito, coloquei uma blusa sem mangas, o dia tava quente, uma bermuda, um tênis que já havia tempo que não usava, estava novo só um pouco mofado, mas usei assim mesmo e desci. Fui direto pra cozinha, estava com fome, coloquei no prato um pouco de cada coisa que tava sob a mesa. Comi rápido, tava ansiosa pra ver os pais e o primo de Meg. Olhei em meu relógio e já eram 13:32, escovei meus dentes e fui pra casa de Meg, meus passos estavam tão longos que parecia que eu estava correndo. Cheguei lá antes das 14:00. Apertei a campanhia uma única vez, Meg e seus pais logo abriram a porta.
– Já estávamos te esperando. Entra! – Disse Meg.
– Beatrice, quanto tempo! – Falou a Sr Cecília. – Como você está? – Perguntou.
– To bem. – Respondi e dei um sorriso tímido.
– E seus pais? – Perguntou o Sr Mauro.
– Também, só trabalhando muito. – Respondi. – Eles vão dá uma festa de Boas Vindas pra vocês no sábado, e fazem questão que vocês aceitem. – Continuei.
– Meg nos avisou, estaremos lá com certeza. – Falou o Sr Mauro.
– Que bom então, pelo menos eles deixam um pouco o trabalho e se divertem com os velhos amigos. – Falei.
– É. – Concordou ela. – Eu e Mauro vamos arrumar o resto da cozinha, fique com Meg. – Continuou e logo depois se retiraram. Assim que saíram Meg me puxou correndo pro seu quarto.
A casa de Meg parecia cenário de televisão de tão linda que era, não estava completamente arrumada, só faltava a cozinha e provavelmente o quarto de Meg. A casa era enorme, mas não tinha primeiro andar. Pela arrumação percebi que tinham mudado alguns móveis, mas as paredes, o teto e o chão eram do mesmo jeito.
Finalmente chegamos. Meg tinha mudado a cor das paredes de seu quarto, antigamente era rosa, com uma parede cor de pérola, agora estava todo roxo com o teto branco, e uma das paredes ela colocou vários posters de bandas, fotos dela com amigas e nossas quando éramos crianças, e outras que não prestei muito atenção. A cama dela era branca com tabaco, e estava forrada com uma colcha branca com letras chinesas pretas. Seu guarda-roupa não estava lá e tinha roupas, CDs e livros espalhados no chão. Só faltavam ser colocados em seus lugares.
– Nossa Meg, teu quarto ficou lindo, bem criativo, sua cara! – Falei impressionada.
– Bia, calma. Ainda nem arrumamos todo! – Falou Meg num ar engraçado.
– Gostei das fotos na parede. – Falei.
– É. Eu tenho várias fotos e resolvi tirá-las do álbum pra por na parede. Adoro fotos. – Disse Meg.
– Ficou muito bom. Não tenho costume de tirar fotos minhas. As vezes pego a câmera e bato fotos dos insetos que ficam no jardim e das flores. – Falei.
– Ah legal bia, mas quando acabarmos de arrumar aqui, vamos ao jardim tirar fotos juntas. Estão faltando fotos nossas crescidas aqui na parede. Só têm aquelas ali de nós crianças. – Disse Meg apontando as fotos que estavam no meio da parede.
– Ok, mas não me responsabilizo se tua câmera queimar com minha feiúra. – Falei.
– Você e suas ironias. – Disse Meg.
– Chega de conversar, vamos arrumar logo isso. – Falei.
– Ta, arruma a estante e eu vou dobrando as roupas, meu pai depois monta o guarda-roupa e eu coloco elas dentro dele. – Falou Meg.
Arrumei a estante organizando os livros e os CDs em suas prateleiras. Meg dobrou suas roupas que estavam no chão e colocou em cima de sua cama por conta de seu guarda-roupa ainda não está montado. Acabamos rápido.
– Trabalho comprido. – Disse Meg e batemos as mãos umas nas outras. – Vou pegar um lanche pra gente. – Falou ela e depois saiu do quarto correndo e pulando pra ir pegar. Incrível como ela era espevitada. Fiquei olhando as fotos de perto, vi algumas dela com algumas amigas que parecia ser na Itália, vi algumas nossas e fiquei rindo, eu era tão feinha que chegava a ser fofinha minha feiúra, os posters eram da Avril Lavigne, Paramore, Guns n’ roses, e mais alguns. Mas depois, vi uma foto que me chamou muito a atenção. Ela com o menino que me derrubou na poça de água, não sabia se era ele, acho que era só imaginação minha, ele não sai da minha cabeça mesmo. Ela abriu a porta e percebi que minha cabeça tava grudada na foto, tentando ver se era o garoto mesmo que provavelmente não era. Ela riu.
– Bia, ta tentando atravessar a parede? – Falou Meg rindo alto.
– Oh, não Meg, só tava olhando esse garoto. – Falei tentando explicar. – Quem é? – Perguntei.
– Ah, é meu primo, aquele sobre o qual te falei e disse que queria te apresentar, mas ele não está em casa. Ou melhor, ele nunca está em casa, sempre chega tarde e bate na porta do quarto pra conversar um pouco e depois vai dormir como. Como disse, mesmo um ano depois da morte de seus pais, ele ainda não se recuperou totalmente. – Disse Meg.
– Não liga, da próxima você me apresenta. – Falei. – Ele é muito bonito. – Continuei.
– Claro, meu primo. – Se gabou Meg piscando um olho pra mim.
Comemos biscoito e suco de laranja. Só tomei suco, não tava com fome. Meg comeu meus biscoitos e os delas. Deixamos os pratos e os copos em cima da mesa de seu computador e fomos pro jardim tirar fotos como Meg tinha dito. Tiramos fotos de várias formas, mas em todas dávamos um enorme sorriso.
Por volta das 17:30 entramos. Ficamos assistindo filme e comendo pipoca que a mãe de Meg preparou pra nós. Queriam me entupir de comida, eu sei que eu era muito magra, mas não precisava isso tudo, eu só não iria morrer de fome. Assistimos dois filmes, um de romance e um de terror. Pela duração dos filmes percebi que já estava tarde, o tempo com Meg passava rápido.
– Meg, tenho que ir, ta tarde. – Disse.
– Tem que ir mesmo? – Meg perguntou sabendo a resposta.
Acenei com a cabeça.
– Então ta. Te levo em casa. – Decidiu ela.
– Ok, mas tu vai voltar sozinha. – Falei tentando fazê-la desistir. Ela devia ta cansada.
– Sem problemas, vou avisar aos meus pais. – Insistiu ela.
– Manda beijos e boa noite pra eles.
– Certo madame. – Disse ela e foi até seus pais que estavam em alguma parte da casa. Percebi que ontem e hoje não deram pra matar a saudade, minha vontade era todas as horas do dia com Meg. Ela era muito divertida e tirava minha solidão.
Ela voltou.
– Deixaram e te mandaram beijos também. – Disse ela.
– Então ta, camon! – Falei e fomos em direção a porta. Cheguei primeiro, e abri a porta com a chave que já estava encaixada na porta, não tava conseguindo abrir. Quando menos espero, senti uma pancada em minha testa e caí no chão, fiquei zonza. Escutei a risada de Meg e olhei pra cima pra ver o que tinha empurrado a porta.
Fiquei em choque: ELE.

1 de julho de 2009

Parte 7

Não estava acreditando que minha melhor amiga que não via há 5 anos atrás estava na minha porta me abraçando. Meg e seus pais, o Sr Mauro Couto Martines e a Sr Cecília Couto Martines, tinham ido pra Itália, onde seu irmão e seus sobrinhos que moravam em Brasília foram pra lá há 7 anos. Mas não foi apenas por causa deles que se mudaram, o pai de Meg recebeu uma proposta de emprego muito melhor do que o que ele tinha aqui, ele é um ótimo médico. E a mãe dela é advogada, tinha seu próprio escritório aqui em POA.
Depois de alguns minutos paradas, Meg finalmente quebrou o silêncio.
– Não vai me convidar a entrar? – Perguntou-me.
– Cla-claro – gaguejei em choque. – Entra!
Levei-a até a sala e sentamos no sofá, ela se sentia em casa como nos velhos tempos, não sei se vou agir da mesma forma quando for em sua casa.
– Então Bia, como você ta? – Me perguntou.
– Nesses últimos anos nunca estive melhor que agora. – Respondi. – E você? – Perguntei em seguida.
– Eu to completamente ótima, e feliz por está de volta pro Brasil, a Itália era legal, mas eu senti muita falta de você e daqui, do meu lugar, da minha melhor amiga. – Meg respondeu. – Ah, e você ta muito linda, mais que antes, é impressionante. – Continuou ela.
– Obrigado. – Agradeci timidamente. Mas sabia que ela estava falando pra ser doce, Meg era muito gentil.
– Quero agradecer aos teus pais. – Falou Meg.
– Agradecer o quê? – Perguntei imediatamente.
– Por não ter te contado a verdade, eu queria fazer uma surpresa, então pedi pra eles te avisarem que eu só vinha amanhã. Na verdade eu liguei pra falar com você, mas eles atenderam, disseram que você já estava dormindo e me pediram pra te contar a notícia, então eu deixei. – Explicou.
– Você podia ter me matado de tanta felicidade. – Falei.
– Bia, felicidade não mata. – Disse ela sorrindo. Dei um sorriso também.
– Mas Meg, você ganhou um irmão? – Perguntei curiosa.
– Não. Por quê? – Perguntou. – Minha mãe fez laqueadura depois que me teve. – Continuou.
– Porque meus pais falaram que vocês tinham trazido mais alguém junto na família. – Respondi com a expressão confusa.
– Ah, trouxemos meu primo, Pietro Gabriel. – Explicou ela e no mesmo instante seus olhos encheram de lágrimas.
– O que aconteceu? Por que você está chorando? – Perguntei desesperada.
– Os pais dele, Cristina e Murilo Santorini Martines, e sua irmã, Gabriela S. Martines, morreram num acidente de carro, e ele ficou órfão, então meus pais trouxeram ele pra morar junto da gente, ele não tinha com quem ficar. – Respondeu ela enxugando as lágrimas que escorreram em seu rosto.
– Nossa Meg, lamento. – Falei espantada. – Você era muito ligada a eles? – Perguntei.
– Muito. Morávamos na mesma rua, e era bem legal morar perto deles, nós nos dávamos super bem, e eu me dava bem principalmente com a mãe de Gabriel. Costumava conversar com ela. – Falou Meg num tom triste.
– Então deve ter sido uma grande perda não só pra ele, mas pra você também. – Disse.
– Sim. Mas agora eu não estou triste, só me bateu saudades deles. – Afirmou Meg. – Mas então... Vamos atualizar tudo. O que fez nesses cinco anos? Fez amigas na escola? E os garotos?
– Meg, uma de cada vez, por favor. – Interrompi-a e ri.
– Ta, desculpa. – Ela respondeu e sorriu. Então respondi uma de cada vez.
– Esses cinco anos foram tediosos. Depois de você eu não tive mais amigas. – Respondi as duas primeiras perguntas. – E eu nunca tive um namorado. – Disse pausando e com vergonha. – Nunca nenhum menino tocou seus lábios nos meus. – Respondi com mais vergonha ainda.
Meg me olhou e percebeu que eu fiquei envergonhada ao responder a última pergunta.
– Ah amiga, que lindo, você nunca beijou, mas tudo tem sua primeira vez, talvez nunca tenha se apaixonado. – Falou Meg.
– Não, nunca. – Falei confusa.
Pensei pra mim mesma: Eu não tenho nem amigos, por quem iria me apaixonar?
Do nada me lembrei do estúpido garoto que me derrubou hoje à tarde.
– E você? O que fez na Itália? – Perguntei interessada.
– Quando cheguei era tudo legal, visitei vários lugares lindos, conheci algumas pessoas legais, e me apaixonei algumas vezes, mas nenhuma deu certo. – Falou Meg dando um engraçado sorriso.
Ri alto, Meg é impressionante.
Conversamos mais alguns instantes e meus pais chegaram, percebi que já estava tarde. Quando abriram a porta Meg voou em cima deles, abraçou minha mãe e meu pai, eles retribuíram o abraço com uma expressão assustada e engraçada no rosto.
– Meg, quanto tempo! – Falou minha mãe num tom alegre.
– Pois é, tia Elizabeth. – Falou Meg, chamando minha mãe de tia, como nos velhos tempos, ela era tão espontânea.
– Como estão seus pais? – Perguntou meu pai.
– Eles estão ótimos, iam dá uma passada aqui, mas deduziram que vocês estavam trabalhando e me deixou vir conversar com a Bia. – Respondeu Meg.
– Que bom. – Falou meu pai. – Fala pra eles que no sábado não vamos trabalhar pra nós organizarmos uma festa aqui de boas vindas. – Continuou ele.
– Nossa, que máximo! Eles vão adorar, tenho certeza. – Falou Meg super animada. – Mas nós podemos trazer meu primo, não é? – Perguntou Meg desconfiada.
– Claro que sim. – Respondeu minha mãe. – Ele é a pessoa que você disse que estavam trazendo? – Continuou.
– Sim. – Afirmou Meg.
– Então meninas, está na hora de vocês irem pra cama, não acham? Meg, quer que eu te leve em casa? – Perguntou ele.
– Não precisa, tio Miguel. Eu to com saudades de andar por aqui, então prefiro ir a pé, e minha casa fica aqui atrás, não tem perigo. – Falou Meg decidida.
– Então ta, cuidado menina, manda lembranças pros teus pais e digam que não podemos ir lá por causa do trabalho, mas no sábado eles têm que estar aqui. – Meus pais se retiraram e foram pra sala de jantar.
Levei Meg até a porta, e nos despedimos lá fora.
– Então, amanhã nos vemos de novo? Já está de férias? – Perguntou Meg.
– Estou. E claro que vamos nos ver, amanhã, depois de amanhã e todos os dias. – Respondi animada.
– Então ta. Tchau Bia, amanhã vai lá pra nós arrumarmos meu quarto, vai ser divertido. E eu aproveito pra te apresentar ao Gabriel. – Convidou-me.
– Ok, estarei lá por volta das 14:00. – Confirmei.
Ela deu tchau com a mão e saiu. Fui pro meu quarto, coloquei o pijama e fui deitar. Não tinha como estar mais feliz.