22 de setembro de 2009

Parte 19

Escutei a voz de Meg do outro lado da linha.
– Oi Bia! Hoje de manhã eu te liguei e me disseram que você estava indisponível.
– Oi Meg. É que eu acordei quase agora. – falei.
– É, imaginei isso. Ei, hoje você pode vir dormir aqui?
Me lembrei de Gabriel e logo me veio aquele horrível pesadelo na mente, eu precisava vê-lo, precisava olhar pra ele e ver que estava tudo bem.
– Claro Meg. Mas antes tenho que ligar pra meus pais.
– Ok então. Quer que eu vá aí te buscar?
– Se não for incomodo.
– Claro que não é! Então passo aí às 18 horas. – ela falou animada.
– Certo.
– Tchau, beijo!
– Outro. – falei e desliguei o telefone. Deixei-o em cima do sofá e terminei meu almoço. Depois liguei pro escritório da empresa do meu pai, mas ninguém atendia.
Resolvi ir a jardim tomar um pouco de ar fresco, mas vi minha mãe na cadeira de sol em frente à piscina parecendo se bronzear. E meu pai estava sentado numa cadeira em baixo do guarda-sol lendo um livro.
– Dia de folga? – Perguntei chegando perto da piscina.
– A festa de ontem foi cansativa. – disse minha mãe abaixando um pouco os óculos e sorrindo.
– Pai – falei sentando ao seu lado – Meg me chamou pra ir dormir na casa dela hoje. Posso?
– Ela pediu aos pais dela? – ele perguntou.
– Hum, acho que sim.
– Então tá. Que horas você vai?
– Às 18:00 ela vem aqui e eu vou com ela.
– Certo então. – ele disse e voltou a ler o livro.
Fui à minha mãe falei que iria dormir na casa de Meg e ela não se importou, falou apenas um “Ok”.
Ocupei minha mente jogando GTA a tarde inteira pra passar a ansiedade de vê-lo.
Olhei a hora no relógio em cima do criado mudo e mostrava 17:06. Tinha que me arrumar e arrumar minha mochila. Coloquei uma roupa de dormir e uma roupa pra voltar pra casa amanhã, toalha, escova de dente e sabonete.
Fui tomar banho e me arrumei lá no banheiro mesmo, quando saí Meg estava sentada em minha cama.
– Olá gata, estava esperando tu sair de toalha. – ela disse. Nós rimos. – E então vamos?
– Espera – falei.
Fiz um rabo de cavalo mal feito e descemos. Meus pais estavam assistindo noticiário na sala.
– Pai, mãe, to indo. – falei.
– Ok, manda um beijo pra Cecília e pro Mauro. – disse minha mãe.
– Certo! – falei.
– Comporte-se. – disse meu pai e sorriu. Dei um sorriso de leve.
– Tchau lindos. – disse Meg sorrindo.
– Tchau linda – disse minha mãe também sorrindo. Meu pai sorriu e eu e Meg fomos.
O caminho inteiro Meg falou sobre o cara que ela pegou ontem. Chegando na casa dela, vi que o Gabriel não estava como na maioria das vezes.
– Er... Meg, cadê teu primo? – perguntei.
– Ele estava saindo com o skate quando eu tava indo pra tua casa.
– Só perguntei pra confirmar.
– O que vamos fazer? – Meg perguntou.
– Você que sabe. – falei e dei de ombros.
Fomos assistir seriados e filmes comendo pipoca.
Por volta das 21 horas ouvi alguém chegando e abrindo a porta.

21 de setembro de 2009

Parte 18

– Ah, crianças. Vocês perderam de ver o discurso que Elizabeth fez em homenagem à Mauro e a mim – Sra Cecília disse
– Não acredito que perdi – Falei tentando parecer decepcionada.
– É. Eu também queria ter visto. – Disse Gabriel.
Eu já tinha visto alguns discursos de meus pais à trabalho, eram sempre superficiais.
– É uma pena. Ficamos muito lisonjeados. – Falou Sra Cecília.
– Ah, não foi nada – Disse minha mãe.
Eles continuaram colocando o assunto em dia e eu fingia ouvir, aquilo tudo estava muito chato, eu estava quase deitada na cadeira.
Ouvi os pais de Meg falando que tinham matriculado ela no colégio em que eu estudo, me animei completamente, até que enfim algo que preste naquele zoológico.
– Sério? Ela vai estudar lá mesmo? – Perguntei
– Sim, e o Gabriel também. – Disse Cecília passando a mão no ombro dele – Ele está no último ano. Ano que vem já vai pra faculdade.
Ele deu um sorriso falso de depois beliscou algum tira-gosto que tinha na mesa. Eu dei um sorriso um tanto verdadeiro.
O jantar começou a ser servido e Meg chegou à mesa com um sorriso de um olho ao outro. Me surpreendi, pra mim ela ficaria com o cara até o fim.
– Bia, tava te procurando – Ela disse sentando-se ao meu lado.
– Achou – Falei sorrindo, eu sabia muito bem o que ela tava fazendo.
O resto da festa foi desinteressante, todos da mesa conversavam menos eu e Gabriel, ele sempre olhava pra baixo e eu fazia o mesmo, e quando nosso olhar se encontrava logo eram desviados pra baixo novamente. E no resto dos convidados eu não prestei atenção no que eles faziam.
Por volta das 22:00 os convidados estavam se retirando. Por último foi a família de Meg, nós nos despedimos. Gabriel sorriu e acenou e então eu estava sozinha com meus pais.
Entramos em casa e depois de um breve comentário sobre o jantar, desejamos boa noite e fui pra o meu quarto.
“Eu estava em algum lugar que me parecia um hospital segurando a mão de Gabriel, que estava deitado sob a maca. Ele parecia estar morrendo, eu me sentia fraca como se tivesse perdendo uma parte de mim. Chorava e implorava pra ele não me deixar só aqui. Seus olhos iam fechando cada vez mais, e ele realmente estava me deixando.”
Abri meus olhos assustada, eu mal conseguia enxergar meu quarto de tantas lágrimas que embaçavam meus olhos. Continuei deitada na cama olhando o teto, amedrontada enquanto deixava as lágrimas escorrerem e me lembrando que aquilo havia sido apenas um pesadelo.
Me levantei e percebi que estava com a mesma roupa de ontem da festa, olhei no relógio marcavam 11:27. Após fazer minhas higienes, desci. Fui almoçar assistindo desenho.
– Telefone pra você – Disse uma vez feminina. Me virei pra olhar quem era, e tinha uma das empregadas lá de casa parada olhando pra mim com um sorriso muito, mas muito falso.
Peguei o telefone e agradeci.