2 de janeiro de 2010

Parte 25

A semana inteira, as poucas vezes que o vi, ele me olhava da mesma forma, eu procurava não pensar nele quando estava em casa, mas confesso que fiz o que Meg falou, pensei em todas as vezes que nos olhamos, em todas as palavras que ele havia falado aquele dia, e nada mudou minhas conclusões porque ele não tinha confirmado nada. E aquela expressão dele, não ajudava em nada também.
No sábado de manhã por volta das 9h liguei pra Meg ir passar o dia na minha casa, o que eu mais precisava era dela e do humor que ela tinha pra me distrair de todos os pensamentos que envolvesse ele.
– Bia? – Meg gritou do lado de fora do meu quarto batendo na porta.
– Espera. – Gritei. Eu estava terminando de colocar o biquíni. Estava um dia lindo, e eu queria passar na piscina.
– Agiliza aí. – Ela falou com uma voz entendiada.
– Pronto! – Falei abrindo a porta quando terminei de me vestir.
– Biquíni? Você também quer passar o dia na piscina? – Ela estranhou e ao mesmo tempo estava empolgada.
– Sim.
– Que bom que não vou precisar ficar meia hora insistindo pra gente ir pra lá!
– Você trouxe algum? – Perguntei me referindo ao biquíni.
– Claro! Você acha que com um dia desse eu não iria querer ir pra piscina? – Nós rimos e ela foi se trocar no meu banheiro.
Depois descemos pra piscina e ficamos lá até a hora que bateu fome, umas 12h mais ou menos. Fomos pra cozinha e nos servimos com a lasanha que eu tinha pedido pra cozinheira fazer pra nós duas.
– Cadê seus pais, Bia? – Perguntou Meg enquanto estávamos almoçando.
– Trabalhando, como sempre.
– Mas hoje é sábado!
– Final de semana eles viajam a negócios, não sabe? – Falei entediada.
– Ah sim. – Meg falou enquanto colocava um pedaço enorme de lasanha na boca. Eu ri.
Depois que acabamos a refeição subimos pro meu quarto, tomamos um bom banho e colocamos roupas leves.
– O que vamos fazer agora? – Perguntou Meg.
– Que tal nada?
Ela deu uma risada sem graça.
– Eu não fico sem fazer nada. Vamos lá pra baixo ver filme, eu trouxe alguns. – Ela falou enquanto revirava sua bolsa procurando os filmes, provavelmente.
– Ok!
Descemos e ela colocou um filme na TV. A história me fazia lembrar o que eu estava lutando pra esquecer. Era romance. E sinceramente, o gênero que eu menos queria está vendo agora. Me lembrava ele.
– Eu acho que vou subir. – Eu falei me levantando.
– Ah, mas por quê? Ainda não ta nem na metade do filme. – Ela disse meio desapontada.
Eu queria tanto falar o que eu estava sentindo. Queria tanto tentar colocar aquilo pra fora sem ser em forma de lágrimas. E ela era minha amiga. Eu não via mal nenhum em falar pra ela e tentar aliviar a dor. Mas eu já não queria tocar no nome dele, eu só queria que fosse como se eu nunca tivesse o visto, nunca tivesse sentido seus lábios, nunca tivesse percebido o quão lindo ele era e o quão macia sua pele parecia ser. Apenas isso. E depois de tudo, eu só queria entender o que aquele olhar significava, o porquê de ele ter me olhado com tanta mágoa, ou o que é que aquilo fosse.
– Meg, – Eu falei me sentando novamente ao seu lado no sofá. – Como o Gabriel está? – Tentei fazer a pergunta da forma mais casual possível. E eu me forcei a colocar as palavras pra fora. Eu precisava saber se aquilo era só comigo.
Ela parecia confusa. – Ah. Normal. Quero dizer, ele sai cedo e vai andar de skate, faz as refeições na hora certa. Mas... Faz alguns dias que ele não vem falar comigo. Digo, sempre que ele chegava em casa, ele batia na porta do meu quarto pra conversar. E já faz alguns dias que ele não me dá mais que um ‘Oi’ no café da manhã, no almoço e no jantar, quando ele aparece.
– Ah sim. – Falei. Ela não havia falado nada sobre a expressão dele. Talvez ele só estivesse fazendo aquilo comigo pra me provar que nunca vai haver nada entre nós.
– Mas por que você quer saber isso?
Eu não sabia se falava. O negócio de querer falar pra ela sobre o que sentia agora havia sumido, eu só queria ficar só. Apenas isso.
– Curiosidade, Meg. – Tentei parecer óbvia.
– Não parece. Você nem é curiosa. Ele anda estranho com você?
– Ele sempre foi estranho comigo. Agora quando eu o vejo no colégio ele me lança um olhar mais estranho ainda. Parece raiva. Mágoa. Não sei explicar. Melhor eu esquecer. Quero dizer, queria conseguir esquecê-lo. – Minha voz ficava mais fraca a cada palavra. Mas eu não iria me permitir chorar. Eu nunca fui fraca aquele ponto, não era agora que eu iria ser. Não por causa de um garoto. Não por causa dele.
Ela fez uma expressão atordoada. – Vou tentar conversar com ele. Acho que ele está em casa agora, ele sempre fica quando não tem ninguém lá, e eu disse que só voltaria à noite.
– Não. – Eu soltei a palavra sem nem perceber. Então abaixei o tom. – Não precisa. Ele vai saber que comentei com você, e eu não quero.
– Não há nada que você fale que me impeça de ir falar com ele. Algo está errado aí. Eu sei o que ele sente por você, Bia. Ele nunca me falou sobre alguma garota. E pra ele ter me falado tudo àquilo sobre você... Ele realmente gosta de ti.
Eu não discuti. Meg iria falar com ele de qualquer maneira. Então eu apenas me dirigi à escada sem falar mais nada. Ela me seguiu e pegou as coisas dela no meu quarto.
– Amanhã a gente se vê. – Ela falou. – Fica bem, tá?
– Você vem aqui? – Perguntei.
– Claro que sim. – Ela respondeu sorrindo.
Eu retribuí seu sorriso. – Certo.

8 comentários: