1 de julho de 2009

Parte 7

Não estava acreditando que minha melhor amiga que não via há 5 anos atrás estava na minha porta me abraçando. Meg e seus pais, o Sr Mauro Couto Martines e a Sr Cecília Couto Martines, tinham ido pra Itália, onde seu irmão e seus sobrinhos que moravam em Brasília foram pra lá há 7 anos. Mas não foi apenas por causa deles que se mudaram, o pai de Meg recebeu uma proposta de emprego muito melhor do que o que ele tinha aqui, ele é um ótimo médico. E a mãe dela é advogada, tinha seu próprio escritório aqui em POA.
Depois de alguns minutos paradas, Meg finalmente quebrou o silêncio.
– Não vai me convidar a entrar? – Perguntou-me.
– Cla-claro – gaguejei em choque. – Entra!
Levei-a até a sala e sentamos no sofá, ela se sentia em casa como nos velhos tempos, não sei se vou agir da mesma forma quando for em sua casa.
– Então Bia, como você ta? – Me perguntou.
– Nesses últimos anos nunca estive melhor que agora. – Respondi. – E você? – Perguntei em seguida.
– Eu to completamente ótima, e feliz por está de volta pro Brasil, a Itália era legal, mas eu senti muita falta de você e daqui, do meu lugar, da minha melhor amiga. – Meg respondeu. – Ah, e você ta muito linda, mais que antes, é impressionante. – Continuou ela.
– Obrigado. – Agradeci timidamente. Mas sabia que ela estava falando pra ser doce, Meg era muito gentil.
– Quero agradecer aos teus pais. – Falou Meg.
– Agradecer o quê? – Perguntei imediatamente.
– Por não ter te contado a verdade, eu queria fazer uma surpresa, então pedi pra eles te avisarem que eu só vinha amanhã. Na verdade eu liguei pra falar com você, mas eles atenderam, disseram que você já estava dormindo e me pediram pra te contar a notícia, então eu deixei. – Explicou.
– Você podia ter me matado de tanta felicidade. – Falei.
– Bia, felicidade não mata. – Disse ela sorrindo. Dei um sorriso também.
– Mas Meg, você ganhou um irmão? – Perguntei curiosa.
– Não. Por quê? – Perguntou. – Minha mãe fez laqueadura depois que me teve. – Continuou.
– Porque meus pais falaram que vocês tinham trazido mais alguém junto na família. – Respondi com a expressão confusa.
– Ah, trouxemos meu primo, Pietro Gabriel. – Explicou ela e no mesmo instante seus olhos encheram de lágrimas.
– O que aconteceu? Por que você está chorando? – Perguntei desesperada.
– Os pais dele, Cristina e Murilo Santorini Martines, e sua irmã, Gabriela S. Martines, morreram num acidente de carro, e ele ficou órfão, então meus pais trouxeram ele pra morar junto da gente, ele não tinha com quem ficar. – Respondeu ela enxugando as lágrimas que escorreram em seu rosto.
– Nossa Meg, lamento. – Falei espantada. – Você era muito ligada a eles? – Perguntei.
– Muito. Morávamos na mesma rua, e era bem legal morar perto deles, nós nos dávamos super bem, e eu me dava bem principalmente com a mãe de Gabriel. Costumava conversar com ela. – Falou Meg num tom triste.
– Então deve ter sido uma grande perda não só pra ele, mas pra você também. – Disse.
– Sim. Mas agora eu não estou triste, só me bateu saudades deles. – Afirmou Meg. – Mas então... Vamos atualizar tudo. O que fez nesses cinco anos? Fez amigas na escola? E os garotos?
– Meg, uma de cada vez, por favor. – Interrompi-a e ri.
– Ta, desculpa. – Ela respondeu e sorriu. Então respondi uma de cada vez.
– Esses cinco anos foram tediosos. Depois de você eu não tive mais amigas. – Respondi as duas primeiras perguntas. – E eu nunca tive um namorado. – Disse pausando e com vergonha. – Nunca nenhum menino tocou seus lábios nos meus. – Respondi com mais vergonha ainda.
Meg me olhou e percebeu que eu fiquei envergonhada ao responder a última pergunta.
– Ah amiga, que lindo, você nunca beijou, mas tudo tem sua primeira vez, talvez nunca tenha se apaixonado. – Falou Meg.
– Não, nunca. – Falei confusa.
Pensei pra mim mesma: Eu não tenho nem amigos, por quem iria me apaixonar?
Do nada me lembrei do estúpido garoto que me derrubou hoje à tarde.
– E você? O que fez na Itália? – Perguntei interessada.
– Quando cheguei era tudo legal, visitei vários lugares lindos, conheci algumas pessoas legais, e me apaixonei algumas vezes, mas nenhuma deu certo. – Falou Meg dando um engraçado sorriso.
Ri alto, Meg é impressionante.
Conversamos mais alguns instantes e meus pais chegaram, percebi que já estava tarde. Quando abriram a porta Meg voou em cima deles, abraçou minha mãe e meu pai, eles retribuíram o abraço com uma expressão assustada e engraçada no rosto.
– Meg, quanto tempo! – Falou minha mãe num tom alegre.
– Pois é, tia Elizabeth. – Falou Meg, chamando minha mãe de tia, como nos velhos tempos, ela era tão espontânea.
– Como estão seus pais? – Perguntou meu pai.
– Eles estão ótimos, iam dá uma passada aqui, mas deduziram que vocês estavam trabalhando e me deixou vir conversar com a Bia. – Respondeu Meg.
– Que bom. – Falou meu pai. – Fala pra eles que no sábado não vamos trabalhar pra nós organizarmos uma festa aqui de boas vindas. – Continuou ele.
– Nossa, que máximo! Eles vão adorar, tenho certeza. – Falou Meg super animada. – Mas nós podemos trazer meu primo, não é? – Perguntou Meg desconfiada.
– Claro que sim. – Respondeu minha mãe. – Ele é a pessoa que você disse que estavam trazendo? – Continuou.
– Sim. – Afirmou Meg.
– Então meninas, está na hora de vocês irem pra cama, não acham? Meg, quer que eu te leve em casa? – Perguntou ele.
– Não precisa, tio Miguel. Eu to com saudades de andar por aqui, então prefiro ir a pé, e minha casa fica aqui atrás, não tem perigo. – Falou Meg decidida.
– Então ta, cuidado menina, manda lembranças pros teus pais e digam que não podemos ir lá por causa do trabalho, mas no sábado eles têm que estar aqui. – Meus pais se retiraram e foram pra sala de jantar.
Levei Meg até a porta, e nos despedimos lá fora.
– Então, amanhã nos vemos de novo? Já está de férias? – Perguntou Meg.
– Estou. E claro que vamos nos ver, amanhã, depois de amanhã e todos os dias. – Respondi animada.
– Então ta. Tchau Bia, amanhã vai lá pra nós arrumarmos meu quarto, vai ser divertido. E eu aproveito pra te apresentar ao Gabriel. – Convidou-me.
– Ok, estarei lá por volta das 14:00. – Confirmei.
Ela deu tchau com a mão e saiu. Fui pro meu quarto, coloquei o pijama e fui deitar. Não tinha como estar mais feliz.

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