27 de novembro de 2009

Parte 2O

– Oi mamãe, oi papai! – disse Meg fazendo voz de criança e pulando em cima deles.
– Oi filha! Ainda acordadas? – Disse o Senhor Mauro.
– Sim. Vamos dormir daqui a pouco. – Ela disse.
– Hum, então vamos jantar e depois vamos pra cama. Vocês já deveriam ir, não? – Disse a mãe de Meg.
– Sim! Vamos agora – Eu disse.
– Ah, Oi Bia! Boa noite. – Disse a Sra Cecilia.
– Boa noite pra vocês. – Falei.
Eles deram um beijo em nossas cabeças e eu e Meg fomos pro quarto.
Meg puxou um lençol e colocou um travesseiro e acho que pra ela sua cama já estava arrumada, depois se trocou na minha frente mesmo enquanto eu arrumava minha cama. Comecei a dá risada.
– Que foi? – Ela perguntou.
– Acho que aqui tem um banheiro bem ali pra você se trocar. – Falei
– E acho que tudo que tenho aqui você tem. – Meg falou passando a mão em seu corpo.
E nós começamos a rir. E era um absurdo o que ela tinha falado, porque o que ela tinha eu tinha bem menos que ela.
Terminei de arrumar a cama, e Meg foi escovar os dentes porque ela disse que estavam sujos de pipocas. Enquanto Meg estava no banheiro peguei meu pijama e minha escova de dente e quando ela saiu entrei e fui me trocar.
Escutei um “toc-toc” na porta do quarto, Meg atendeu e ouvi a voz dele. Pensei em abrir ir pro quarto apenas pra vê-lo e me certificar que estava tudo bem depois daquele sonho. Claro que estava, foi apenas um sonho, ou melhor, um pesadelo daqueles que se eu precisasse não dormir pra não tê-lo, eu não dormiria.
Mas preferi não abrir, percebi que era uma conversa apenas dos dois. Coloquei o ouvido na porta pra ouvir a conversa melhor, não era meu costume fazer esse tipo de coisa, mas tinha ele no meio, e isso que importava.
– Meg! – Ele falou, foi quase um grito.
– Oi Gabri... – Ela tentou falar, mas ele começou a extorquir o que tinha pra dizer antes que ela terminasse.
– Eu não sei o que tá acontecendo comigo. Ultimamente eu só penso na Beatrice, e eu... e eu não sei mais o que ta acontecendo comigo. E eu tenho medo do que isso possa ser, tenho medo do que eu to sentindo. Tudo que eu amo vai embora, Meg. Só me restou você e meus tios. E eu tenho medo que eu esteja sentindo algo forte por ela, e de sofrer com isso, porque eu sei que ela é muito mais do que uma garota como as outras, ela nunca olharia pra uma pessoa estúpida como eu, que só a tratou mal, um bruto, um idiota. – Ele falou sem parar nem pra respirar, e foi inevitável não chorar a cada palavra que ele falava, eu bloqueava meus soluços pra ele não ouvir. E finalmente ele parou.
– Que lindo! – Meg disse com uma voz animada e fofa. – Que lindo, que lindo! Você ta apaixonado, e pela melhor garota do mundo!
– Eu desabafo pra você e é isso que me diz? Que lindo? É só isso que tem a dizer? – Ele disse irritado. Logo após vi a porta se fechar.
Abaixei a tampa da privada e sentei, fiquei em choque, não sabia o que fazer, e as lágrimas só continuaram jorrando, estava confusa demais pra entender o que tava acontecendo. Tentei me acalmar, lavei o rosto e Meg bateu na porta do banheiro.
– Bia, desceu pela descarga? – Meg gritou.
– To aqui. – Falei tentando controlar minha voz.
– Precisamos conversar, hein! – Ela disse.
– Eu escutei tudo. – Falei abrindo a porta do banheiro.

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